Como
já foi dito em postagens passadas, sabemos que a desnutrição infantil causa
graves problemas para o desenvolvimento da criança. Em uma alimentação
inadequada, muitas vezes não há aporte energético suficiente para as
necessidades pueris, o que provoca redução do seu ritmo
metabólico, diminuindo a intensidade de suas atividades físicas e de seu
crescimento. É como se todos os seus instintos se colocassem de acordo na
montagem de uma estratégia de sobrevivência, cuja lei seria repousar o máximo e
cansar o mínimo.
O déficit de proteínas prejudica a produção de
enzimas e hormônios na criança, o crescimento do corpo, a imunidade e a
cicatrização, e a falta de vitaminas e minerais causa diversos problemas ao
organismo, dentre eles a fadiga e danos neurológicos. Além disso, quando o
sistema imunológico não se desenvolve de forma correta, a criança fica muito
mais sujeita à patologias, e estas se apresentam em formas bem mais graves do
que as que ocorreriam em um organismo bem nutrido.
Todos
esses fatores se apresentam como entraves no desenvolvimento escolar da criança.
Desse modo, o rendimento se torna bem menor do que o esperado, e o interesse
pelo ambiente escolar diminui, o que reduz significativamente as perspectivas
de um futuro melhor para a criança, dando continuidade a um ciclo de exclusão
social.
Nesse
contexto, se apresenta de fundamental importância o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae). Implantado em 1955, contribui para o crescimento, o
desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar dos estudantes e a
formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta da alimentação
escolar e de ações de educação alimentar e nutricional, atendendo os alunos de
toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e
educação de jovens e adultos) matriculados em escolas públicas, filantrópicas e
em entidades comunitárias (conveniadas com o poder público), por meio da transferência de recursos
financeiros.
O
Programa oferta uma alimentação adequada de acordo com orientação de um
nutricionista, dando suporte também para indivíduos com necessidades
nutricionais específicas (diabéticos, hipertensos, etc). Há também a determinação
de que no mínimo 30% do recursos sejam destinados à compra de gêneros
alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar
rural, o que contribui para a valorização da alimentação e cultura locais.
*Um fato curioso é que no surto de beribéri
(relacionado à falta de vitamina B1) ocorrido em municípios de Tocantins,
Maranhão e Roraima de 2006 a 2008, nenhuma criança da região foi acometida pela
doença. Tal fato foi atribuído à variedade de opções alimentares da merenda
escolar, que estaria suprindo as necessidades de tiamina das crianças da
região. “A alimentação escolar pode estar protegendo a criança. Ela dá um
aporte nutritivo além do de casa”, aponta o professor Pedro Israel, na época coordenador do Centro
Colaborador em Alimentação e Nutrição (Cecan NE I) e professor do Departamento
de Nutrição da UFPE.
Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732009000200009
http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/
http://www.promenino.org.br/servicos/biblioteca/as-consequencias-da-desnutricao-no-desenvolvimento-fisico-e-mental-infantil
http://www.saudemelhor.com/os-males-dos-excessos-e-da-falta-de-vitaminas/